segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Faça o que eu digo... Não faça o que eu faço!!!

Como todo bom conselheiro que se preza, o que eu digo, penso ou escrevo, serve para todo mundo, exceto eu.


Mais uma vez o ano começa cheio de promessas e objetivos: inscrição na academia, dieta, promessas de dedicar mais tempo aos amigos e à família, não me apaixonar, simplificar e não complicar além do que já é complicado, não gastar demais e colocar as contas em dia, etc, etc e tal.


Por que o ser humano é assim?


Digo o ser humano de forma geral porque todos nós somos do tipo "faça o que eu digo". É simples demais dizer qualquer coisas quando se está de fora. Porém a coisa muda de figura quando o sapato aperta o nosso calo.




E por mais apertado que o sapato esteja, muitas vezes se torna mais cômodo ou menos perigoso continuar com a dor do calo do que se arriscar a tirar o sapato e pegar um friozinho no pé. É preferível ficar com o sofrimento que já se conhece. Pra que arriscar?

Só nos esquecemos de um pequenino detalhe: talvez o tempo do lado de fora do sapato esteja mais agradável do que o aperto dentro dele. E muitas vezes (na maioria delas na realidade) para descobrir isso é necessário se arriscar, dar a cara a tapa, fechar os olhos e saltar do avião sem ter certeza de que o para quedas irá se abrir.

Pode ser que você se machuque um pouco, que quebre as duas pernas, os dois braços e, talvez até, a cabeça também. Mas, pode ser que o para quedas se abra e você tenha uma visão fenomenal e indescritível, uma experiência diferente de tudo o que você já passou na sua vida.

E apesar de todo o frio na barriga, na medida do possível, estou me arriscando um pouco mais. Cheguei mais perto da porta do avião nesses primeiros dias do ano.

A sensação foi ótima. Mas, confesso que o vento forte que bateu em meu rosto me fez recuar um pouco e não conseguir aproveitar a paisagem calmamente. Só pude ver tudo em um breve lampejo. E o pouco que vi foi incrível.

E o mais impressionante de tudo isso é que, independente das promessas não terem ficado para trás, foi algo ESPONTÂNEO! Nada planejado, nada programado, simplesmente da forma como tinha que ser.

Pois é, acho que é assim mesmo que tudo tem que ser, um passo de cada vez, tudo ao seu tempo. Quem sabe o ano que vem seja realmente novo, sem promessas e sem velhos hábitos.

Mas, enquanto isso não acontece, seja o que Deus quiser, o destino permitir e a minha espontaneidade alcançar. Com ou sem promessas.


Um comentário:

nelson chanquini disse...

Sim sim, nossa visão por fora é muito melhor, pois não estamos vivendo a situação, nem todos os medos, as angústias e os descontentamentos do ser humano. Ah, mudar é complicado, se arriscar também. Sem considerar as complicações que nossa imaginaçãozinha cria para se desculpar e assim ficamos no mesmo lugar, mais fácil, não é? O terreno já é conhecido! Falta-nos coragem e ousadia, por que não se arriscar mais?

Quando algo inesperado acontece a sensação é muito mais gostosa.

Um texto leve, que, em contrapartida, aborda uma porrada de coisas das aflições de nós, humanos.

Lendo o texto tive a sensação de observar você se aproximando da porta do avião.
Muito bom!